Sociologia material para o ensino médio: a sociedade pós-moderna sofre mudanças em ritmo intenso
Para
definir as condições da pós-modernidade e discutir as transformações do mundo
moderno nos últimos tempos, o sociólogo Bauman, sempre preferiu usar o termo
“modernidade líquida”, por considerar “pós-modernidade” um conceito ideológico.
Bauman escolhe o “líquido” como metáfora para ilustrar o estado dessas
mudanças: facilmente adaptáveis, fáceis de serem moldadas e capazes de manter
suas propriedades originais. As formas de vida moderna, segundo ele, se
assemelham pela vulnerabilidade e fluidez, incapazes de manter a mesma
identidade por muito tempo, o que reforça esse estado temporário das relações
sociais. Há 100 anos, ser moderno significava buscar um ponto de perfeição e
hoje representa o progresso constante, sem um resultado final único prestes a
ser conquistado.
A
ESTRUTURA FAMILIAR MUDOU DRASTICAMENTE. Em entrevista ao canal Quem Somos Nós?,
o professor Luís Mauro Sá Martino explica as transformações do conceito de
“família” segundo Bauman: “A partir do século 19 ou 20, o afeto e amor surgem
como elementos fundadores da família, mas nem sempre foi assim e não é por
acaso que nosso imaginário sempre gostou de idealizar as histórias de amor”,
observa.“No passado, as pessoas casavam com quem os pais mandavam, mas os laços
de uma família ainda eram algo sagrado. Hoje, por outro lado, constituímos
várias “famílias”, assumindo as diferenças disso em relação ao mundo
pré-moderno, com a independência e também as dificuldades que essa pluralidade
de relacionamentos pode trazer.”
AS
CONEXÕES NO MUNDO MODERNO FORAM INDIVIDUALIZADAS
Bauman
observa que o século 20 sofreu uma passagem da sociedade de produção para a
sociedade de consumo. Com isso, também passamos pelo processo de fragmentação
da vida humana e deixamos de pensar em termos de comunidade — a qual nação,
grupos ou movimento político pertencemos. A identidade pessoal, após essa
transformação, restringiu o significado e propósito da vida e da felicidade a
tudo aquilo que acontece com cada pessoa individualmente.
“A
ideia de progresso foi transferida da ideia de melhoria partilhada para a de
sobrevivência do indivíduo”, resumiu o sociólogo em entrevista para a Revista
Cult. “O progresso é pensado não mais a partir do contexto de um desejo de
corrida para a frente, mas em conexão com o esforço desesperado para se manter
na corrida.”Zygmunt Bauman e a Modernidade Tardia. Entre os teóricos que tratam
da modernidade tardia, ou da pós-modernidade, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman
é uma referência absoluta. Sua obra trata de uma série de mudanças que se
estabeleceu nas últimas décadas e que exerceu, e ainda exerce, grande
influência sobre o mundo social contemporâneo. Entre elas, a globalização foi
uma das maiores forças de transformação da paisagem social moderna.
A aproximação, ou o “encurtamento das
distâncias”, transformou as relações humanas de várias formas. Em suas obras,
Bauman cunha o termo “modernidade líquida” para tratar da fluidez das relações
em nosso mundo contemporâneo. O conceito de modernidade líquida refere-se ao
conjunto de relações e dinâmicas que se apresentam em nosso meio contemporâneo
e que se diferenciam das que se estabeleceram no que Bauman chama de
“modernidade sólida” pela sua fluidez e volatilidade. A ideia baseia-se na construção
do conceito sócio-histórico de modernidade, que atravessa um enorme período da
história humana e da mesma forma marca mudanças no pensamento e nas relações
entre seres humanos e instituições sociais. Modernidade sólida.
As
mudanças que se iniciaram com o renascimento, quando os ideais racionalistas
começavam a ganhar força diante do pensamento tradicional, ampliaram-se no
decorrer do tempo, tornando-se ponto de ruptura com as formas anteriores de
organização social. Diante disso, os paradigmas constituídos nos períodos
pré-modernos lentamente se dissolveram e deram lugar a novas formas de
manutenção do mundo social.
A religiosidade, por exemplo, deixou seu lugar
de única provisora legítima de preceitos morais, responsáveis em grande parte
pela mediação das ações dos sujeitos da época, e foi substituída pela
formalização racional das leis civis e da ética. Esse mesmo processo de
racionalização foi, em grande parte, responsável pela maioria das mudanças que
se instauraram no período moderno. Esse é o momento que Bauman se refere como
“modernidade sólida”, pois ainda há fixidez nas relações sociais entre sujeitos
e instituições sociais. A construção do sentimento de nacionalismo, por
exemplo, é um dos pontos que Bauman diz servir como ponto de apoio da formação
da identidade do sujeito na modernidade sólida.
Outra
mudança profunda foi desempenhada pelo ideal do progresso baseado no pensamento
racional e na ciência, que se tornaram motores dos avanços tecnológicos que se
estabeleceram no período e que, por sua vez, mudaram toda a organização com a
qual se relacionavam. O trabalho, por exemplo, que antes se baseava no processo
de aprendizagem por imitação ou tradição passada de pais para filhos, agora se
estabelecia de forma especializada e formal nas escolas técnicas em razão do
progressivo aumento da complexidade das tarefas laborais relativas às
indústrias e suas máquinas. Esses exemplos servem para demonstrar que, enquanto
os moldes tradicionais foram, sim, desconstruídos, eles foram também
reconstruídos com outras configurações no momento inicial do período moderno,
mantendo sua forma “sólida” e seu papel de ordenação do mundo
social.Modernidade líquida
Quando
se chega à modernidade líquida, toda estrutura social montada em torno da
relativa fixidez moderna dilui-se.
Para
Bauman, as relações transformam-se, tornam-se voláteis na medida em que os
parâmetros concretos de “classificação” dissolvem-se. Trata-se da
individualização do mundo, em que o sujeito agora se encontra “livre”, em
certos pontos, para ser o que conseguir ser mediante suas próprias forças. A
liquidez a que Bauman se refere é justamente essa inconstância e incerteza que
a falta de pontos de referência socialmente estabelecidos e generalizadores
gera.
Atividade
Formule
e responda 10 questões sobre o texto supracitado.
Prof.:
Paulo Lima;
Comentários
Postar um comentário