Sociologia material para o ensino médio: Controle Social – Entenda este conceito fundamental da Sociologia
Você
sabia que ao vivermos em sociedade estamos sujeitos ao que chamamos de controle
social? Entenda como e porque isso ocorre na sua família, na sua escola, na
vida adulta.
Émile
Durkheim, um dos principais fundadores da Sociologia, dizia que a construção do
ser social, feita em boa parte pela educação, é a assimilação pelo indivíduo de
uma série de normas e princípios — sejam morais, religiosos, éticos ou de
comportamento — que balizam a conduta do indivíduo num grupo.
O
homem, mais do que formador da sociedade, é um produto dela. O conceito
de controle social nasce junto com a Sociologia como ciência. Trata-se de
mecanismos de intervenção de uma sociedade ou grupo social, utilizados para que
os indivíduos se comportem de maneira desejável, de acordo com as regras
sociais.
O
controle social, designa um conjunto heterogêneo de recursos materiais e
simbólicos que mantém a ordem social, ou melhor, garantem que os indivíduos
comportem-se de maneira previsível e de acordo com as normas sociais vigentes
em sua sociedade. Desta forma, controle social é a regulação do comportamento
(e até do pensar) dos indivíduos dentro de uma conduta desejável por aqueles
que governam e legislam sobre o grupo social controlado. Trata-se de um
“conjunto de métodos pelos quais a sociedade influencia o comportamento humano,
tendo em vista manter determinada ordem” (MANNHEIM, 1971, p. 178)**.
Por
meio de recursos materiais e simbólicos aqueles que governam sobre o grupo
controlado influenciam o modo de pensar, de ser, valores e crenças dos
indivíduos, com o objetivo de manter determinado ordenamento social.
Também
são mecanismos que servem como forma de intervenção diante de mudanças que
possam ocorrer no meio social, induzindo o indivíduo a se conformar com a nova
realidade, seja positiva ou negativa.
Tipos
de Controle Social
Existem
dois tipos de controle, o formal e o informal. O controle formal corresponde as
leis e regras institucionalizadas, já o controle informal corresponde as normas
de conduta social que são reconhecidas e compartilhadas em uma sociedade, como
por exemplo crenças, costumes, valores e etc.
O
sociólogo Norbert Bobbio também faz a distinção de duas formas de controle
social que ele denomina como externas e internas. As formas de controle
externas seriam as intervenções diretas no meio social coibindo os indivíduos
que não seguem o padrão social estabelecido, sujeitos a sanções e punições que
garantem o restabelecimento da ordem.
Nestes
casos pode-se pensar nas leis e na polícia. O não cumprimento das leis pode
levar o indivíduo a pagar multas ou mesmo ao encarceramento. A polícia,
legitimada pelo Estado, tem o poder simbólico, e se necessário, a força bruta,
que garante que as ações dos indivíduos não extrapolem as normas.
Existem
ainda outras formas de controle externo que ocorrem no próprio meio social e
que geram determinadas punições sociais, como por exemplo exclusão social,
maneiras de se vestir, gostos e etc.
As
formas de controle internas são aquelas que fazem parte da consciência dos
indivíduos, regras que estão interiorizadas. Trata-se de normas e valores que
acabam por fazer parte da identidade dos indivíduos, e que regulam suas ações
de acordo com o conjunto de regras estabelecidas pelo grupo ou sociedade.
Esse
tipo de controle ocorre a partir do processo de socialização, que inicia-se na
infância, com a família e a escola, e que faz com que o próprio indivíduo
controle seu comportamento a partir de sua convicção do que é certo ou errado,
normal ou anormal.
Os
indivíduos moldados por estas formas de controle social seriam aqueles dóceis e
úteis ao meio social.
Aspectos
antagônicos do controle social
O
controle social pode ser visto de forma antagônica, de um lado como sendo
necessário para que todos possam conviver em um mesmo espaço social, e de outro
como forma de manter o status quo.
Conforme Thomas
Hobbes a maior parte dos indivíduos são maus em sua
essência e precisam de um certo controle para conviverem de forma harmônica.
Caso não exista regras é possível o desenvolvimento de crises sociais.
Por
outro lado o controle social pode ser visto como tendo a função de domínio da
classe dominante, ou seja, o Estado (principal responsável pelo controle
social), de modo simbólico, através da televisão, escola e etc, transmitiria os
pensamentos e desejos de uma classe dominante, com objetivo de manter a
estratificação social que já está estabelecida.
Para exemplificar esse raciocínio, temos os casos
de saques e tumultos populares em momentos de greve da polícia. Nessa direção,
um trecho da música “Até quando”, de
Gabriel Pensador, nos é
bastante elucidativa para compreendermos essa perspectiva: “a TV só existe para
manter você na frente, na frente da TV, que é para você não ver que o
programado é você”. Sob essa visão, o Estado é o principal responsável por
controlar as pessoas, sobretudo de forma simbólica, o que chamou-se na teoria
marxista de “Aparelhos Ideológicos do Estado”. Esses aparelhos, tais como a
escola e as TVs estatais, teriam a função de transmitir o que deseja a classe
social dominante, a fim de manter o status quo.
É
possível identificar uma similaridade entre o conceito de controle social e
alguns atributos do conceito de dominação, elaborado pelo cientista social
alemão Max Weber. Para entender melhor o conceito de controle social, basta
pensar no quanto os recursos materiais, disponíveis na vida social, estão
associados com os mecanismos institucionais, sobretudo as leis, que sancionam a
conduta do indivíduo em sociedade e punem o desvio. E, também, no quanto os
recursos simbólicos estão associados à esfera da cultura, que integra diversos
mecanismos de socialização e aprendizagem que, quando bem-sucedidos, oferecem
condições para as pessoas se comportarem de acordo com os valores coletiva
morais e éticos, prevalecentes na sociedade. A partir desses pressupostos
conceituais, a sociologia americana desenvolveu os primeiros estudos tendo como
objeto de pesquisa os fenômenos da criminalidade em geral e da delinquência
juvenil (que são considerados desvios), bem como o fenômeno da assimilação de
valores culturais pelos imigrantes e pelas minorias étnicas.
O
fenômeno da interdependência social A partir da década de 1940, porém, a
sociologia americana agregou ao conceito de controle social elementos
associados com o fenômeno da interdependência social. A interdependência social
pode ser entendida como uma série de vínculos de reciprocidade firmados entre
os indivíduos que integram a sociedade. A natureza desses vínculos envolve
princípios subjetivamente apreendidos pelos indivíduos, que agem em
conformidade com as regras de conduta, reconhecendo-as como vantajosas para o
desenvolvimento individual e social.
Desse
modo, o controle social deixou de ser redutível a estímulos externos associados
com a violência física (com base na aplicação das leis sancionadas) e com a
coerção moral. Para ser eficaz e duradouro, portanto, o controle social
exercido sobre os indivíduos que integram uma coletividade não pode ser apenas
externo.
O
fenômeno da interdependência social aponta para existência de relações sociais
"recíprocas", firmadas com base na percepção objetiva que os
indivíduos têm de integrarem um mesmo sistema social e se reconhecerem como
dependentes entre si. O fenômeno da interdependência social tem similaridade
com alguns modelos sociológicos elaborados pelo cientista social francês Émile
Durkheim.
Sob
esse aspecto, o conceito durkeimiano de "solidariedade social" tem
muitos elementos em comum com o fenômeno da interdependência social. As
relações de mercado, por exemplo - ou seja, as relações de troca que são a base
de um sistema econômico -, certamente representaram o objeto de investigação
sociológica mais importante para a identificação do fenômeno da
interdependência social.
Coesão
social e desvio A partir das considerações precedentes, fica demonstrado que o
controle social desempenha um importante papel na sociedade ao assegurar a
coesão social. Evidentemente, por razões as mais variadas, podem ocorrer crises
que afetem o completo e contínuo desempenho do controle social. Quando o
comportamento desviante aumenta ou se torna preponderante é sinal de que alguns
dos elementos constitutivos do controle social não estão funcionando de acordo
com o esperado.
Não
obstante, a sociologia contemporânea tem fornecido inúmeras indicações de que o
controle social, embora seja permanente e necessariamente contínuo, nunca é
total. Em outras palavras, o controle social é sempre limitado, porque uma
sociedade não dispõe de mecanismos de controle capazes de atuar com a mesma
intensidade - e nem mesmo capazes de abarcar todos os domínios da vida social.
Nenhuma
comunidade dispõe de sanções sociais que assegurem a não-violação da totalidade
das normas de conduta. Alguns domínios da vida social são, porém, mais críticos
e sensíveis ao desvio, como, por exemplo, o da segurança social. Nesse caso, o
controle social cumpre, primeiramente, a função de desestimular os
comportamentos desviantes (existência das normas e garantia de aplicação da
lei). Quando desvios são constatados, o controle social é acionado para exercer
sua segunda função, que se refere à punição por meio do emprego de variadas
formas de interdição (o caso extremo é a detenção ou, em algumas sociedades,
até mesmo a pena de morte).
A
terceira função do controle social - em relação ao desvio criminal - refere-se
ao isolamento e exclusão permanente do desviante da sociedade. Em certos casos,
é possível, no entanto, restabelecer no desviante a conformação às normas através da ressocialização.
Agora, você já tem ciência de uma coisa: somos
induzidos a fazer o que a sociedade deseja, ou o que desejam os grupos
dominantes. Liberdade, só aquela apresentada por Paul Sartre, de que somos
livres para fazer tudo, tudo o que permitem as regras e as leis.
Controle
social
1.
Qual a definição de controle social?
2.
O que o MANNHEIM diz no texto sobre o
controle social?
3.
O sociólogo Norbert Bobbio também faz a
distinção de duas formas de controle social quais são? Explique cada uma.
4.
O que o Thomas Hobbes diz sobre o
controle social?
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