Funcionários da Usina Pipa Agroindustrial ameaçam derrubar casas de aldeia indígena Katu no RN
Uma moradora da aldeia indígena Katu recebeu ameaças de funcionários
da Usina Estivas, localizada na divisa com a aldeia, em Arês, de
propriedade da companhia Pipa Agroindustrial. Os funcionários ameaçaram
demolir a casa da indígena com um trator, alegando que as terras
pertenciam à usina. Pressionados por outros moradores e sem provas da
alegação, os representantes da empresa deixaram a localidade.
A comunidade Katu fica localizada no município de Canguaretama, a 78
km da capital potiguar. Os moradores da aldeia vivem às margens do rio
Katu e são os guardiões da nascente. As terras da comunidade são
consideradas área de ocupação tradicional indígena.
Na tarde desta terça-feira (11), os funcionários da Pipa
Agroindustrial voltaram à casa da indígena. O líder da comunidade, Luiz
Katu, contou que as ameaças só foram contidas com a chegada da Polícia
Militar.
“Eles chegaram aqui dizendo que o terreno era deles, ficaram
dando voltas com o trator em torno da casa , alegaram que tinham um mapa
que provaria o que estavam dizendo, mas não mostraram nada, causaram um
terror nas crianças e moradores. Como é que chega alguém numa
determinada casa e quer demolir sem nenhum documento ou mandado? Nós
estamos aqui há séculos e eles querem diminuir cada vez mais nosso
espaço”, afirma o cacique Luiz Katu.
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Controlada por um fundo de investimento da corretora Socopa, a Pipa
Industrial comprou a usina da antiga dona, Biosev, do Grupo Louis
Dreyfus. De acordo com o líder indígena, as plantações de cana de açúcar
da indústria ficam muito próximas à comunidade e o uso de agrotóxicos é
elevado. “Eles plantam nas áreas ao redor do rio e isso tem sido
prejudicial as nossas vidas, à natureza, nossas crianças correm risco de
vida por estarem próximas a essas substâncias”, comenta.
Ainda de acordo com Luiz, \não foi a primeira vez em que tentaram intimidar e ameaçar os indígenas Katu.
“Já tivemos plantações de alimentos nossos destruídos e outras
ameaças de demolição, no ano passado por parte da mesma empresa. Nós
precisamos da demarcação das nossas terras, até isso acontecer nós
continuamos vulneráveis a violações desse tipo, nós arriscamos nossas
vidas no enfrentamento a essas situações e esse risco pode ser sem
volta”, explica o cacique e líder da aldeia Katu.
A aldeia está na fila de demarcações de terras da Fundação Nacional
do Índio – FUNAI. Os líderes da Katu já relataram tanto à Fundação como
ao Ministério Público Federal sobre as ameaças sofridas pelos moradores.
No Brasil, a população indígena é formada por 896 mil pessoas e cerca
de 505 áreas são demarcadas no país, totalizando apenas 12,5% de terras
indígenas brasileiras. Em 2010, os índios norte-riograndenses
correspondiam a apenas 0,42% da comunidade nativa brasileira, sendo
assim o Estado com a menor população indígena no Brasil.
Atualmente existem 13 comunidades indígenas em território potiguar.
Fonte: https://www.saibamais.jor.br/funcionarios-da-usina-pipa-agroindustrial-ameacam-derrubar-casas-de-aldeia-indigena-katu-no-rn/
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